Quem me acompanha por aqui já sabe que a dieta plant-based traz diversos benefícios para a saúde. Um deles é a redução do risco cardiometabólico.
Diversos estudos já demonstraram que uma dieta baseada em vegetais está associada a um menor risco de diabetes tipo 2, doença coronariana, obesidade, hipertensão, mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade por todas as causas. Inclusive, esses achados são consistentes com diversas revisões sistemáticas com meta-análise de ensaios randomizados, que são o topo da pirâmide de evidências.
Além disso, o consumo de carne vermelha ou processada está associado ao aumento do risco do risco de diabetes tipo 2, doença coronariana, hipertensão, infarto, mortalidade cardiovascular e mortalidade por todas as causas.
Uma revisão sistemática com meta-análise, publicada 3m 2018 na Clinical Nutrition, analisou os dados de 9 ensaios clínicos randomizados incluindo 664 pacientes. Predominantemente, os indivíduos eram de meia idade, tinham excesso de peso e diabetes tipo 2 controlado por medicamentos. O tempo de acompanhamento foi em média de 12 meses. Os resultados mostraram que um padrão alimentar vegetariano, em comparação com um padrão alimentar onívoro, possui benefícios para o controle glicêmico e outros fatores de risco cardiovascular. Foi observada uma melhora em relação à hemoglobina glicada, colesterol LDL e não-HDL, peso corporal, IMC e circunferência da cintura. Nesse estudo, foi observada uma redução do LDL em 5%, que se traduz em um risco 5% menor de eventos cardiovasculares.
Diversos potenciais mecanismos podem explicar os benefícios observados do padrão alimentar vegetariano nos diferentes fatores de risco. Em vários estudos que não restringiram o consumo calórico, foi observado que as dietas vegetarianas possuem menor valor energético. Isso é atribuído principalmente à sua menor quantidade de gordura e maior quantidade de fibras, o que promove perda de peso e melhora no controle glicêmico.
Dietas vegetarianas também levam a menor consumo de gordura saturada e maior consumo de gordura insaturada, fitoquímicos, proteína vegetal no lugar de proteína animal e possuem menor índice glicêmico. Todos esses componentes mostraram individualmente efeitos benéficos em relação a fatores de risco cardiovascular.
Um outro estudo muito interessante foi o DIRECT-PLUS, publicado em 2020 na Heart. O objetivo foi examinar os efeitos cardiometabólicos de três intervenções distintas de estilo de vida, que diferiam em um aumento de fontes alimentares plant-based com uma diminuição no consumo de carne e de frango, em indivíduos sedentários e com obesidade, durante uma fase de indução de perda de peso de 6 meses. Todos os participantes tinham mais de 30 anos, obesidade abdominal e dislipidemia.
Em adição à intervenção de atividade física e ao consumo de 28g/d de oleaginosas, os participantes foram instruídos a evitar o consumo de carne vermelha e processada e consumir uma dieta rica em plantas e polifenóis, além de consumir entre 3 e 4 copos por dia de chá verde e 100g de cubos congelados de Wolffia globosa, que é uma espécia de planta conhecida pelos nomes farinha de água asiática e lentilha d’água, como um shake proteico plant-based, substituindo a proteína animal no jantar. Durante os seis meses, a taxa de retenção foi de 98,3%, o que demonstra uma grande taxa de adesão!
Os resultados desse estudo mostraram que enquanto uma dieta com restrição calórica promove perda de peso e benefícios metabólicos, a dieta plant-based com baixa ingestão de carne e frango e maior ingestão de vegetais levam a uma maior diminuição da circunferência da cintura e melhora do risco cardiovascular, com uma redução de ~4% do colesterol LDL e de ~20% da proteína C-reativa de alta sensibilidade.
O efeito positivo no colesterol LDL pode resultar do menor consumo de carne e frango, reduzindo o colesterol dietético e a ingestão de ácidos graxos saturados, ou pode ser mediado pelos polifenóis. Especificamente, o alto conteúdo de fitoesteróis do shake pode ter induzido a redução do LDL.
Está mais do que claro que a dieta plant-based é uma ótima alternativa para reduzir o risco cardiovascular, concorda?
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Referências:
VIGUILIOUK, Effie et al. Effect of vegetarian dietary patterns on cardiometabolic risk factors in diabetes: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clinical nutrition, v. 38, n. 3, p. 1133-1145, 2019.
TSABAN, Gal et al. The effect of green Mediterranean diet on cardiometabolic risk; a randomised controlled trial. Heart, v. 107, n. 13, p. 1054-1061, 2021.