Não é novidade que os agrotóxicos estão por toda parte. O motivo disso é principalmente a busca incessante por lucros por parte de fornecedores e empresários. Os agrotóxicos são utilizados para diminuir as pragas agrícolas e permitir que haja safra durante o ano inteiro, dessa forma aumentando o lucro.
Existem incontáveis estudos que comprovam os malefícios da ingestão desses xenobióticos para a saúde humana. Em uma meta-análise realizada por Yan e colaboradores (2016), os pesquisadores encontraram correlação positiva entre a exposição crônica a pesticidas e o risco de desenvolvimento de doença de Alzheimer. Maqbool et al (2015) realizaram também um estudo de revisão para entender os efeitos da exposição de interferentes endócrinos em geral e o que eles encontraram – com base na literatura científica até o momento – é que esses produtos causam câncer e que alteram o funcionamento da glândula tireóide. Há evidências até mesmo do efeito de agrotóxicos sobre obesidade, dislipidemia e resistência à insulina (Lee et al, 2011).
E então, o que fazer para se proteger?
Há uma luz no fim do túnel, mesmo no meio dessa tempestade: os alimentos orgânicos! No meu livro (“Estilo de Vida Orgânico) explico a importância de se levar um estilo de vida orgânico e dou várias dicas sobre isso. Dá uma passada lá no site que falo um pouco mais sobre ele www.anniebello.com!
Ainda é um pouco mais caro consumir esses produtos orgânicos. Mas o que as pesquisas indicam é que se a produção fosse “toda” orgânica, teria rodizio de terras, melhor aproveitamento e menor preço.
Mas enquanto ainda temos uma produção em formato de monocultura, e os orgânicos ainda tem preço aumentado, uma alternativa é ficar de olho no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)! Eles publicam periodicamente um relatório sobre o teor de agrotóxicos encontrados em alimentos em todo o Brasil a partir de pesquisas feitas por eles. Há várias críticas ao último relatório, mas infelizmente é o que temos pra utilizar. Fique de olho nos alimentos mais contaminados e compre-os orgânicos! No último relatório, publicado no final de 2016, os alimentos com maior concentração de agrotóxicos foram laranja, abacaxi, couve, uva, alface, mamão, morango, manga e pepino. Para se proteger dos agrotóxicos (ou de pelo menos boa parte deles), procure comprar esses alimentos listados orgânicos!
Uma última sugestão é respeitar a sazonalidade de frutas e hortaliças! Cada alimento possui ciclo de vida único, com época do ano diferente para ser colhido. Se um alimento está o ano inteiro no supermercado, desconfie. Com certeza há uma série de agrotóxicos para permitir que isso aconteça. Consulte na internet a época da safra dos alimentos e certifique-se de comprá-los no tempo certo! Dessa forma você ingere um alimento com menos agrotóxico e com mais nutrientes.
O que NÃO fazer?
Com essas informações em mente, resta a você se perguntar o que fazer para se proteger dos agrotóxicos. Infelizmente essas substâncias estão presentes em absolutamente todos os produtos de origem vegetal comercializados nos supermercados. Mas isso JAMAIS deve soar como um aviso para não ingeri-los. Frutas, legumes e hortaliças são sem sombra de dúvidas essenciais para a promoção da saúde e do bem-estar. Você PODE e DEVE fazê-los de base da sua alimentação. Já que a doença de Alzheimer foi utilizada como exemplo anteriormente, aqui vai um outro estudo: publicado na revista Advances in Nutrition em 2016, Pistollato e colaboradores mostraram que a dieta é um fator importantíssimo para que essa doença aconteça e que uma dieta pobre em frutas e hortaliças contribui para o seu desenvolvimento. Se proteger de agrotóxicos não significa deixar de se alimentar bem!
Enquanto os agrotóxicos continuarem sendo utilizados indiscriminadamente, a solução é adotar essas medidas para “contornar” a situação. Um dia, quem sabe, os orgânicos e a agroecologia não serão exceção, e sim regra.
REFERÊNCIAS
YAN, D. et al. Pesticide exposure and risk of Alzheimer’s disease: a systematic review and meta-analysis. Scientific Reports, v. 6, 2016.
MAQBOOL, F. et al. Review of endocrine disorders associated with environmental toxicants and possible involved mechanisms. Life sciences, v. 145, p. 265-273, 2016.
LEE, D. et al. Low dose organochlorine pesticides and polychlorinated biphenyls predict obesity, dyslipidemia, and insulin resistance among people free of diabetes. PloS one, v. 6, n. 1, p. e15977, 2011.
PISTOLLATO, F. et al. Associations between sleep, cortisol regulation, and diet: Possible implications for the risk of Alzheimer disease. Advances in Nutrition: An International Review Journal, v. 7, n. 4, p. 679-689, 2016.
BRASIL. Relatório das análises de amostras monitoradas no período de 2013 a 2015. in: Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA). Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2016.