A American Academy of Sleep Medicine e a Sleep Research Society recomendam que a duração ideal do sono para adultos seja > ou igual a 7 h por noite. Sabemos que a privação de sono é um problema, além de aumentar o apetite e o desejo por alimentos mais calóricos, reduz o gasto metabólico basal e está associado a uma disfunção do sistema imunológico. Porém, segundo um estudo recente publicado na European Society of Cardiology, a duração ideal do sono parece ser de 6 a 8 horas por dia. Mais do que isso ou menos do que 6h, expõem potencialmente ao aumento do risco de doenças cardiovasculares.
É claro que estou me referindo ao sono noturno. Nos adultos, sintomas relacionados ao sono como dispneia noturna, dor de cabeça matinal e sonolência diurna, são queixas cada vez mais comuns, que ouço muito dos pacientes e que estão frequentemente associadas à doença cardiovascular, uso de medicamentos, insuficiência cardíaca, etc. Os mecanismos fisiopatológicos nos quais a baixa qualidade de sono predispõem a doenças cardiovasculares podem estar associados ao fato de que a duração (horas de sono) regulam hormônios como a insulina e leptina, levando a alteração do apetite e metabolismo da glicose que podem acelerar o desenvolvimento de diabetes e obesidade, gerando um efeito cascata para complicações cardiovasculares.
Além disso, a soneca diurna, principalmente naqueles com duração adequada de sono noturno, pode ser um indicador precoce de problemas de saúde, pois a sonolência diurna auto relatada é comum entre aqueles com distúrbios primários do sono, como apneia do sono, por exemplo. O que pode justificar o potencial adicional para o excesso de mortalidade por todas as causas observado naqueles que cochilam durante o dia.
Nesse caso, as intervenções de estilo de vida tornam-se cada vez mais reconhecidas como ferramentas importantes para a prevenção de diversas doenças. Uma abordagem de atendimento que trabalhe uma boa higiene do sono é o melhor aconselhamento que o profissional de saúde pode fornecer a esse respeito. Me conta, você costuma trabalhar essas questões no atendimento com seu paciente?
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Ref: Linz D, Kadhim K, Kalman JM, McEvoy RD, Sanders P. Sleep and cardiovascular risk: how much is too much of a good thing?. Eur Heart J. 2019;40(20):1630-1632. doi:10.1093/eurheartj/ehy772