Você já parou para pensar no porquê de alguns pacientes apresentarem respostas mais rápidas no processo de emagrecimento e melhora da composição corporal do que outros?
De fato, muitos fatores podem contribuir e acredita-se que a flexibilidade metabólica pode ser uma das respostas. Vou tentar explicar para vocês de maneira clara e objetiva esse conceito, e claro, trazer evidências sobre o assunto.
O conceito da flexibilidade metabólica é a eficiência do organismo em utilizar diferentes substratos energéticos (exemplos: carboidrato ou gordura) de acordo com a sua disponibilidade. O principal objetivo dessa mudança de substrato é passar dos processos catabólico para anabólico. A liberação de insulina em resposta a uma refeição é um dos principais fatores dessa mudança.
Como exemplo, evidências mostram que o treinamento físico pode melhorar a flexibilidade metabólica, e se mostra altamente relevante na melhora dos aspectos fisiopatológicos da obesidade, diabetes tipo 2 e envelhecimento. A atividade melhora a resposta metabólica, garantindo um aumento na capacidade de utilização do substrato energético, melhorando consequentemente, a resposta a sensibilidade a insulina.
Ainda, em indivíduos com obesidade e diabetes tipo 2 apesar da redução de oxidação de ácidos graxos durante o jejum e repouso, aqueles que se exercitavam mostraram como resposta uma oxidação elevada de ácidos graxos durante o exercício. Os pacientes com diabetes tipo 2 oxidam mais glicose plasmática durante a atividade física, o que poderia ser a resposta sobre os efeitos do exercício na redução e melhora da glicemia no diabetes.
Dessa forma, a flexibilidade metabólica abrange muitas vias e mecanismos. Destaco aqui que a redução de peso induzida somente pelo ajuste calórico da alimentação também melhora a sensibilidade à insulina, mas o exercício tem papel fundamental no aumento da capacidade do músculo esquelético na oxidação dos ácidos graxos. Ressalto a importância do tratamento dietético com o incentivo da atividade física, as evidências apontam ser o caminho mais eficaz no tratamento da obesidade e síndrome metabólica.
Ref:
Goodpaster BH, Sparks LM. Metabolic Flexibility in Health and Disease. Cell Metab. 2017;25(5):1027-1036. doi:10.1016/j.cmet.2017.04.015
San-Cristobal, R., Navas-Carretero, S., Martínez-González, M. et al. Contribution of macronutrients to obesity: implications for precision nutrition. Nat Rev Endocrinol 16, 305–320 (2020). https://doi.org/10.1038/s41574-020-0346-8