Vocês já ouviram falar sobre a individualização do tratamento com a identificação do fenótipo do paciente?
No consultório geralmente recebo 3 perfis de pacientes que desejam emagrecer e cada um deles exige uma abordagem distinta.
Vamos falar um pouco mais sobre eles e de onde surgiu esse conceito?
O emagrecimento implica a adesão a diversas mudanças no estilo de vida do paciente. Contudo, a heterogeneidade entre pacientes com obesidade é particularmente aparente na resposta variada de perda de peso a intervenções de obesidade, como dietas e medicamentos.
O comportamento alimentar está associado a alguns fatores controlados principalmente pelo eixo cérebro-intestino, eixo envolvendo fome (desejo de comer) e saciedade (calorias necessárias para alcançar a plenitude).
Alguns estudos examinam as consequências de dois tipos principais de metas para se envolver em estratégias de perda de peso: melhorar a saúde ou melhorar a aparência.
Diversas pesquisas tentam otimizar o tratamento da obesidade e, dessa forma, um ensaio clínico conduzido por 6 anos numa clínica dos EUA, identificou 4 fenótipos da obesidade:
- ”cérebro faminto’’: falta de sensação dos sinais de saciedade
- ”intestino esfomeado”: saciedade anormal por questões intestinais (os pacientes possuíam esvaziamento gástrico acelerado da refeições)
- ”alimentação emocional”: as emoções controlam a ingestão, com problemas na questão da fome emocional e a alimentação hedônica anormal . [O comportamento alimentar hedônico é o desejo de comer para lidar com emoções positivas ou negativas.]
- ”combustão lenta”: não há queima calórica correspondente a peso, altura, idade e sexo, logo existiria uma diminuição da taxa metabólica, pois o GER (Gasto Energético de Repouso) estaria abaixo do preconizado
O estudo ainda observou que alguns pacientes têm mais de um fenótipo e que a abordagem guiada pelo fenótipo foi associada a uma perda de peso 1,75 vezes maior após 1 ano, e a proporção de pacientes que perderam > 10% em 1 ano foi de 79% em comparação com 34% como tratamento sem guia de fenótipos.
E por que essa classificação seria interessante?
-> Essa classificação através de fenótipos auxiliaria no tratamento medicamentoso da obesidade. Identificaram-se fenótipos acionáveis de obesidade com base em fisiopatologia e comportamento que elucidam a heterogeneidade da obesidade humana e podem ser direcionados para melhorar os resultados da perda de peso da farmacoterapia, já que o tratamento convencional da obesidade envolve medicações.
-> Além disso, a análise por fenótipos pode ser usada no consultório, uma vez que diversos perfis de pacientes vem ao consultório, principalmente 3 tipos, como mencionei lá no início do texto. Como:
1) O primeiro perfil é o social – aquele que restringe a alimentação em algum dia da semana, pode ser até mais de um dia, e come mais no final de semana. Ele consome excessivamente álcool, fast-foods e deliverys
2) O 2º é o beliscador, a pessoa que é distraída, não resiste aquele chocolate, bala, pote de amendoim, que precisa estar sempre mastigando algo.
3) O 3 º é ansioso, aquele que além de ter ansiedade, é muitas vezes impulsivo, estressado, com questões comportamentais que precisam ser resolvidas na alimentação. Que às vezes come pela não pela fome nem pela vontade mas para aplacar os sintomas de impaciência e inquietude.
Existem muitos mais perfis. Esses três são os que mais vejo na minha prática.
Mas, o que temos que analisar nisso tudo??
Para cada tipo de perfil e até fenótipo precisamos ajustar a estratégia nutricional e a própria consciência do paciente acerca da comida e do seu corpo para que os resultados promovam a perda de peso e a melhora do bem-estar e da relação com o alimento!
Isso é periodização nutricional!!
É fundamental conhecer cada tratamento e cada paciente para individualizar o ciclo de estratégias a ser aplicado. É essencial saber o tempo necessário de cada uma, qual será a primeira e de como explicar isso para o seu paciente.
Não se esqueça: A periodização deve estar sempre adaptada a rotina e crenças do seu paciente! A manutenção do peso perdido se torna uma consequência de uma conduta assertiva e bem aplicada!
IMPORTANTE: Você precisa se perguntar qual a motivação dele para emagrecer? Melhorar a saúde? A aparência? Ser mais fitness? Aumentar a autoestima? E tenha atenção em incentivar no que ele está focado!
Todos esses perfis e fenótipos exigem abordagens nutricionais diferentes!
Quer saber mais como trata-los?
Fica ligado porque está chegando a Imersão em Emagrecimento, jajá as inscrições estarão abertas!
Referências:
Acosta, A., Camilleri, M., Abu Dayyeh, B., Calderon, G., Gonzalez, D., McRae, A., … Clark, M. M. (2021). Selection of Antiobesity Medications Based on Phenotypes Enhances Weight Loss: A Pragmatic Trial in an Obesity Clinic. Obesity, 29(4), 662–671. doi:10.1002/oby.2312
Mroz, J. E., Pullen, C. H., & Hageman, P. A. (2018). Health and appearance reasons for weight loss as predictors of long-term weight change. Health psychology open, 5(2), 2055102918816606