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Quais os suplementos ideais para o controle do peso? Existe algum? Qual o meu posicionamento sobre? Venho através deste blog te contar o que eu penso a respeito das evidências.

Ao se recomendar algum suplemento dietético devemos levar em conta diversos fatores, como o preço, a necessidade, as contraindicações, o que os guidelines apontam, e qual a real necessidade do paciente.

Sugiro, inicialmente, a leitura da tabela abaixo a respeito dos suplementos e fitoterápicos mais estudados para perda de peso e seus resultados:

(clique na tabela para aumentar)

 

 

 

 

 

Então, como podemos notar na tabela acima, a cafeína, o extrato de chá verde, o psyllium, o resveratrol, os capsinóides são comumente usados para a perda de peso.

Na prática, eu particularmente não utilizo a cafeína como substância principal para a perda de peso.

Os estudos comprovam que, a cafeína parece suprimir a fome e estimular o gasto de energia através do aumento da oxidação da gordura e da excitabilidade do sistema nervoso simpático

  • Cafeína:

Há evidências na literatura que comprovam a eficácia, a curto prazo, da cafeína. No entanto, a maioria dos estudos utilizam-na em associação com outros compostos, como efedrina ou chá verde, ou na forma de bebida de café, tornando indistinguíveis os efeitos da cafeína do CGA e de outros elementos. Outro ponto importante a se ressaltar é o fato dos efeitos dos suplementos serem utilizados em população obesa, e seus efeitos não podem ser extrapolados para a população com sobrepeso/eutrófica.

Uma meta-análise de 13 estudos fornecendo 60 a 4.000 mg de cafeína/dia por 4 a 36 semanas mostrou que a ingestão de cafeína levou a uma redução no peso corporal, gordura corporal e índice de massa corporal (IMC), e que esse efeito é dose-dependente.
De acordo com a ABESO, mais estudos são necessários para melhor avaliar os efeitos dos componentes individuais da cafeína sobre o peso corporal.

  •  Capsaicina:

A capsaicina é um composto ativo das pimentas e um componente da família dos capsaicinoides. Alguns estudos revelam que a capsaicina e os capsaicinoides são capazes de induzir a termogênese, ativando UCP-1 e 2 [169].

Outra questão super importante é avaliar os sintomas gastrointestinais do paciente e avaliar a tolerância a suplementação

O corpo de evidências mostra que os capsaicinoides e a capsaicina são eficazes na promoção de um balanço energético negativo a curto prazo, mas devemos pensar em como o corpo reage quando retiramos o consumo da cápsula.

  •  O famoso Cromo!

O cromo é um micronutriente, facilmente encontrado na nossa dieta. De acordo com evidências, o Cr também pode contribuir para a perda de peso, suprimindo o apetite e estimulando a termogênese humana, através da sensibilização de glicorreceptores sensíveis à insulina no cérebro, aumentando assim o gasto de energia.

Os estudos com a suplementação de cromo para perda de peso variam tanto em dosagem quanto em caracterização da população. Uma revisão sistemática investigou a perda de peso e as variáveis metabólicas e hormonais em pacientes com síndrome dos ovários policísticos e sugeriu que a suplementação de Cr não tem efeitos benéficos. Por isso, o efeito do uso do cromo pode não ser significativo ou pode ser considerado efeito placebo, dependendo da dosagem, do tempo de uso e do paciente.

  • Psyllium:

Psyllium é uma fibra solúvel em água, muito indicado como suplemento.
De acordo a ABESO e outras diretrizes, o efeito da suplementação de fibra é muito particular. O grande problema que noto quando avalio os estudos com a sua suplementação é a randomização errada dos participantes ou o conjunto do seu suplemento com restrição calórica ou associado a outras intervenções. Por isso que não há estudos conclusivos a seu respeito e seus dados não podem ser extrapolados para a população no geral.

  • L-Carnitina:

A L-Carnitina (LC) é um derivado de aminoácidos encontrado principalmente nos alimentos de origem animal. Sua suplementação ficou famosa para induzir a perda de peso. Mas será mesmo?

Foi sugerido que ela pode auxiliar a induzir a saciedade, melhorar a resistência à insulina. Milagroso não é? Contudo, os efeitos na saúde a longo prazo são inconclusivos, além de suas dosagens prescritas. Não recomendo o seu uso!

  •  Resveratrol:

O resveratrol é um polifenol natural, conhecido por seus poderes antioxidantes e neuroprotetores.
Ele é uma substância ativadora da SIRT-1 através de um mecanismo mediado por AMPK. Alguns estudos revelam à diminuição da adipogênese e viabilidade em pré-adipócitos e aumento da lipólise.

O efeito da suplementação a longo prazo não é mantido, uma vez que quando cessada a sua suplementação, os seus efeitos são cessados. As doses de efeito também são inconclusivas. Uma recente
revisão sistemática e metanálise de 36 ensaios clínicos randomizados (ECRs) investigando o efeito da suplementação de resveratrol na perda de peso mostrou que reduziu significativamente o peso, o IMC, a
circunferência da cintura e a massa gorda com aumento significativo da massa magra.

(clique na imagem para ampliar)

 

  •  Fitoterápicos: Garcinia cambogia

A Garcinia cambogia é um dos fitoterápicos mais estudados no tratamento da perda de peso. A partir desse vegetal, se extrai o ácido hidroxicítrico (HCA), que vem sendo testado para o tratamento da obesidade.
Alguns dos supostos mecanismos de ação pelos quais o HCA poderia induzir a perda de peso seriam:

– inibição da lipogênese por meio da inibição da enzima que converte carboidrato em ácido graxos

– supressão do apetite por meio do aumento do armazenamento de glicogênio, com estímulo aos glicoreceptores no fígado e indução de
saciedade através do nervo vago

– redução da sensação de fome pelo aumento do nível de serotonina
Contudo, apesar dos efeitos em estudos experimentais, os estudos em humanos não corroboram com esses achados e nem há estudos a longo prazo com esse extrato que indiquem seu uso no emagrecimento.
2 revisões sistemáticas que avaliaram o efeito da suplementação com extrato de garcínia (HCA) verificaram que o fitoterápico não possuía relevância clínica, não induzindo perda de peso em comparação ao placebo

  • Fitoterápicos: Centella asiátic0

Como descrito no novo posicionamento da ABESO não há estudos em humanos que mostrem diferença na redução de peso entre os indivíduos que usaram Centella asiatica e os que utilizaram placebo. Seu uso para fim de emagrecimento não é indicado.

  • Fitoterápicos: Citrus aurantium (Laranja amarga)

Muito conhecido pelo efeito termogênico o Citrus aurantium ou laranja
amarga possui um fitoquímico , a p-sinefrina,que tem uma similaridade estrutural com neurotransmissores como epinefrina e
norepinefrina, sendo sugerido que ele pode “oxidar gordura e promover perda de peso”, através da diminuição da atividade da enzima piruvato desidrogenase, que poderia inibir a transformação de carboidratos em lipídios e até mesmo por meio da supressão da adipogênese de células

Porém, estudos em humanos relatam que o efeito da Laranja amarga não é significativo no peso ou na redução da gordura.
Até o momento não há estudos em humanos que comprovem a eficácia e\ou segurança desse fitoterápico.

  • Fitoterápicos: Phaseolus vulgaris (Faseolamina ou feijão branco)

Por ter ação na amilase, uma das principais enzimas envolvidas na digestão de carboidratos a faseolamina começou a ser utilizada no tratamento da obesidade. Contudo, ainda não foi esclarecido se a inibição dessa enzima é clinicamente relevante ou efetiva pra perdad peso.
Apenas uma metanálise avaliou a faseolamenina e apesar ter sido observado um efeito signifcativo sobre a perda de peso, quando prescrito isoladamente, esse efeito não foi clinicamente relevante nem significativo! Efeito significativo não é o mesmo de clinicamente significante!
Além disso, 5 dos 7 estudos inclusos na metanálise possuíam alto risco de viés.
Seu uso na perda de peso também não é recomendado.

  • Fitoterápicos: Camellia sinensis ou chá verde

Sugere-se que o extrato de chá verde feito de folhas de C. sinensis conteriam polifenois, como a catequina e cafeína (galato de epigalocatequina [EGCG]) que teriam efeito anti-obesidade, principalmente através do aumento da termogênese. No entanto não é isso que dizem as evidencias. Numa recente metanális ou so da C. sinensis pura não induziu benefício adicional
na perda de peso em relação ao placebo e preparações combinadas do extrato de C. sinensis tiveram efeitos estatisticamente signifcativos, mas
sem relevância clínica

Seu uso na perda de peso precisa ser mais bem estudado, em estudos de longo prazo. Atualmente, não há evidências clínicas que indiquem a prescrição dos fitoterápicos aqui relatados para redução peso.

  •  Probióticos

O uso de diferentes cepas e formulações acabam causando conflitos na avaliação da eficiência dos probíticos na perda de peso.
Alguns probioóticos ( Lactobacillus paracasei , L. rhamnosus, L. casei, Bifdobacterium) analisados em pesquisas que poderiam promover efeitos como:

– melhora na sensibilidade a insulina e na glicemia
-redução no tamanho dos adipócitos e do tecido adiposo branco
– diminuição de leptina e inflamação (IL-6)
Contudo, devemos lembrar que a maioria dos estudos de intervenção com probióticos são a curto prazo, com múltiplas cepas juntas, com interveções alimentares e isso acaba por causar uma inconsitencia nos resultados. Outros fatores limitantes seriam:
– diferentes desenhos dos estudos,
– falta de padronização de vida de prateleira (número de bactérias vivas no vencimento)
– falta de especifcação nas formulações multicepas
– diferentes tipos de formulações/apresentações (iogurtes, capsulas, sachês, etc),

Tudo isso afeta o efeito do probiótico na saúde!

Não esqueça ainda como ser humano possui uma microbiota variável que vai interagir de forma totalmente única com aqueles probióticos, dependendo de variados cofatores, como idade, metabolismo, presença de doenças cronicas e\ou autoimunes, sexo, questões étnicos, ambientais, alimentares e até genéticas.

Por isso tudo não existem evidências científcas sufcientes para recomendação e indicação clínica da suplementação de probióticos na perda de peso.

  • Whey protein

Primeiro precisamos esclarecer que existe vários tipos de whey protein , desde o concentrado, isolado, hidrolisado e aquelas formulações mistas que incluem a proteína de soro de leite em leite pó, por exemplo. Cada um deles terá um efeito distinto no corpo. Porém, nenhum deles promoverá a perda de peso,

Alguns estudos relatam que apesar do whey induzir a redução de peso a diferença clínica é irrelevante. O foco dele é no aporte proteica e melhora de indicadores glicemicos e cardiometabólicos, como massa magra, melhora da pressão arterial, lipidograma, pressão arterial, insulina e glicemia.

Whey protein pode ser prescrito quando há necessidade de suplementar aporte proteico que seria dificultado somente através da comida, porém não há justifcativa para sua indicação no tratamento para perda de peso.

*Obs: Reforço aqui que nada disso é capaz de induzir uma perda de peso relevante sem a MEV e a mudança da qualidade e quantidade da alimentação, acarretando no máximo de perda de 2kg enquanto suplementados. Depois, pode-se haver o reganho de peso!

Sugiro aqui a leitura do documento da ABESO sobre suplementação e fitoterapia no tratamento da obesidade!

REFERÊNCIAS:
DIETARY Supplements for Weight Management: A Narrative Review of Safety and Metabolic Health Benefits. Nutrients, 2022.

CURRENT Evidence to Propose Different Food Supplements for Weight Loss: A Comprehensive Review. Nutrients ,2020.

POSICIONAMENTO SOBRE O TRATAMENTO NUTRICIONAL DO SOBREPESO E DA OBESIDADE. ABESO, 2022.

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