Tema super polêmico de hoje! E aí Annie, pode ou não pode?
Os males da ingestão excessiva de açúcar todos já sabem, mas o que as pessoas não sabem é que adoçantes também causam problemas!
Há evidências epidemiológicas robustas que mostram que a ingestão de adoçantes durante a gestação causam uma programação metabólica no bebê que o predispõe a sobrepeso e obesidade a longo prazo. (Zhu et al, 2017; Azad et al, 2016).
Os mecanismos envolvidos nessa programação são brilhantemente propostos por Araújo, Martel & Keating (2014): aumento da absorção de glicose intestinal, disbiose, estresse oxidativo e desregulação do apetite e do mecanismo de recompensa no bebê.
Quando se comparam indivíduos (sem gravidez) que ingerem adoçantes com os que ingerem açúcar, os resultados são conflitantes. Alguns mostram que há melhora de peso, gordura corporal, colesterol, triglicerídeos e glicose plasmáticos (Raben & Richelsen, 2016), enquanto outros mostram que não há diferença alguma (Fowler, 2016).
Então fica a questão: pode ou não pode? A resposta é: depende! Em questão de segurança, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016) orienta que são permitidos (desde que ingeridos de forma moderada, dentro da recomendação) os adoçantes acessulfame-K, aspartame, sacarina, sucralose e stevia, e que são proibidos ciclamato de sódio e frutose.
Entretanto, visto os males que o adoçante pode causar, eles só são recomendados em situações muito específicas, como diabetes gestacional, E MESMO ASSIM cada caso deve ser avaliado individualmente. Gestantes que não possuem nenhum problema no metabolismo glicídico podem e devem ingerir açúcar, desde que com moderação (Menos de 10%).
A solução mesmo é a reeducação alimentar e o treinamento do paladar para ingerir menos adoçante e menos açúcar.
Tem vídeo no canal do You Tube onde falo um pouco mais sobre adoçantes e açúcares. Não perca.
REFERÊNCIAS
ZHU, Y. et al. Maternal consumption of artificially sweetened beverages during pregnancy, and offspring growth through 7 years of age: a prospective cohort study. International Journal of Epidemiology, 2017.
AZAD, M. B. et al. Association between artificially sweetened beverage consumption during pregnancy and infant body mass index. JAMA pediatrics, v. 170, n. 7, p. 662-670, 2016.
ARAÚJO, J. R.; MARTEL, F.; KEATING, E. Exposure to non-nutritive sweeteners during pregnancy and lactation: Impact in programming of metabolic diseases in the progeny later in life. Reproductive Toxicology, v. 49, p. 196-201, 2014.
RABEN, A.; RICHELSEN, B. Artificial sweeteners: a place in the field of functional foods? Focus on obesity and related metabolic disorders. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care, v. 15, n. 6, p. 597-604, 2012.
FOWLER, S. P. G. Low-calorie sweetener use and energy balance: Results from experimental studies in animals, and large-scale prospective studies in humans. Physiology & behavior, v. 164, p. 517-523, 2016.
MILECH, A.; ANGELUCCI, A. P.; GOLBERT, A.; CARRILHO, A. J. F.; RAMALHO, A. C.; AGUIAR, A. C. B. Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes (2015-2016). Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). São Paulo: AC Farmacêutica, 2016.