Em uma cultura de fobia ao diferente e endeusamento de apenas um padrão de corpo, não podemos deixar de falar sobre o estigma do peso. Há todo um sistema de crenças e valores – perpetuados pela publicidade e pelas mídias – que faz com que tanta gente não aceite o corpo e o peso que tem.
Nossa função social, como nutricionistas, é promover saúde e qualidade de vida. Não somos somente emagrecedores! Devemos ter senso crítico e empatia para avaliar cada caso de forma individual e julgar se aquele paciente realmente necessita mudar o comportamento. E mesmo que precise emagrecer, será que com uma mentalidade de ódio ao corpo ele conseguirá um emagrecimento sustentável?
Alguns dados mostram que mais de 80% das norte-americanas, por exemplo, odeiam o próprio corpo. Isso é muito grave! Não podemos fechar os olhos para isso. Se o nosso atendimento for focado exclusivamente em peso, contribuiremos diretamente para a continuação desse quadro.
Então minha sugestão é alterar o foco de nossas consultas. Vamos ficar atentos aos antecedentes, aos sinais e sintomas, e principalmente às CAUSAS do sobrepeso e obesidade dos pacientes. E claro como é a relação com o corpo e a comida.
Imagine um paciente que relata que ingere fast-food com frequencia, por exemplo, a sua conduta certamente não vai ser: “fast food tem muita caloria, você precisa comer menos”. Ele SABE disso. O certo é compreender essa escolha! Pergunte a ele o que ele sente antes de comer e depois de comer, porque escolhe, qual o principal gatilho? Excesso de trabalho? Estresse? Falta de sono? Ou é por falta de tempo? Preço? Praticidade? Sabor?
Entenda a causa e atue em cima dela. Não foque apenas no peso!