Emagrecimento é certamente o objetivo de muitas pessoas. Mas ao passo que emagrecer tem suas próprias dificuldades, evitar o reganho de peso é mais difícil ainda. O percentual de pessoas que consegue manter o peso depois de emagrecer é bem pequeno!
Mas por que isso?
Por uma série de fatores. O primeiro e talvez mais importante seja a mentalidade de dieta. Não adianta adotar dieta da moda! Ou mesmo que procure um nutricionista e siga um plano alimentar, pensar no plano como uma “dieta” que só deve ser seguida enquanto está emagrecendo, para depois retomar os hábitos antigos. A mudança de comportamento alimentar é permanente!
Outro ponto é que emagrecimento sem planejamento adequado (ou seja, sem supervisão de nutricionista) pode gerar várias deficiências nutricionais. Quando prescrevemos uma dieta, estamos prescrevendo ali as quantidades calculadas individualmente para você de cada vitamina e mineral. Não adianta seguir a dieta da vizinha que conseguiu emagrecer! Perda de peso sem ingestão adequada de micronutrientes não é emagrecimento, é desnutrição.
Terceiro: a massa muscular é talvez a maior protagonista da manutenção de peso. Isso porque quem determina a taxa metabólica de repouso (ou seja, a quantidade de calorias necessárias para as funções básicas do corpo) é majoritariamente a massa muscular. Quanto mais músculos, maior a taxa. E vice-versa: quem tem pouco músculo, tem baixa taxa metabólica. Isso significa que quem emagrece sem fazer exercício físico e/ou com uma dieta inadequada vai perder massa muscular junto de gordura. Como a taxa metabólica de repouso vai diminuir, uma quantidade menor de alimentos será necessária para as funções básicas, com o restante virando gordura. Ou seja, consumir a mesma quantidade de alimento que consumia antes vai passar a engordar mais fácil! Famoso efeito sanfona.
Por fim, tem um estudo científico bastante importante na Cardiologia que se chama Look AHEAD. Foi um ensaio clínico com 5145 pacientes com diabetes tipo 2, separados em dois grupos (um recebendo orientações gerais para diabetes e outro recebendo intervenção de estilo de vida intensa, com consulta com nutricionista, educador físico e psicólogo) durante 1 ano visando perda de peso. Depois, por mais 7 anos, os participantes continuaram no estudo, recebendo suporte para manutenção do peso perdido.
O grupo que recebeu intervenção de estilo de vida conseguiu perder em média 4,7% do peso inicial após os OITO anos! Isso é muito impactante, pois a manutenção de peso perdido foi alcançada. O grupo que recebeu apenas orientações gerais, em contrapartida, apresentou perda de 2,1%. (Obesity (Silver Spring). 2014 Jan;22(1):5-13). A lição que tiramos do Look AHEAD é que uma das chaves para evitar o reganho de peso é o tratamento intensivo, com acompanhamento periódico de nutricionista, educador físico e psicólogo. É preciso ter um tratamento multiprofissional, pois a obesidade é multifatorial! (Diabetes Spectr. 2017 Aug;30(3):166-170)
Temos outros fatores que impactam no reganho de peso, mas hoje quis elencar esses que considero os mais essenciais. É preciso levar todos eles em conta no processo de emagrecimento!