Nutrição de Precisão é um tema que vem ganhando maior notoriedade nos últimos tempos. Muito se tem falado sobre ela. Mas afinal, é mito ou modismo?
A resposta é que não é nenhum dos dois! Nutrição de Precisão é REAL, com evidência científica! Ainda estamos engatinhando nos conhecimentos nessa área, mas o que temos disponível de conhecimento até o momento já permite afirmar que a Nutrição de Precisão é fato e que em um futuro próximo será integralmente aplicável! Como exemplo eu trago para vocês o artigo de Chilton e cols. (Nutrients 2017, 9, 1165; doi:10.3390/nu9111165), no qual os autores levantam a questão do porquê alguns estudos mostram eficácia com aumento dietético de ác. alfa-linolênico (ômega 3 de origem vegetal), enquanto outros não. Os autores mostram que a resposta está na genética!
Analisando genes da população americana, os autores viram que os afroamericanos possuem maior expressão de genes de enzimas dessaturases e elongases que os euroamericanos. Isso faz com que os indivíduos negros consigam realizar maior biossíntese de EPA e DHA a partir de ác. alfa-linolênico do que os brancos de origem europeia! Na discussão os autores levantam a hipótese de que esse seja um mecanismo adaptativo, visto que na ancestralidade a população africana se distanciou do oceano (portanto, menor acesso a ômega 3 – EPA e DHA – de origem marinha e maior acesso às fontes vegetais do continente), enquanto o caucasiano europeu se manteve próximo aos mares de água fria, com alto consumo de peixes gordurosos. Sendo assim, houve seleção na África de indivíduos com maior capacidade de biossíntese de EPA e DHA. Esse é só um dos diversos exemplos que eu poderia trazer hoje. A Nutrição envolve genética, epigenética, microbiota… as ferramentas “ômicas” surgiram para revolucionar nosso entendimento sobre o assunto. Muito em breve com uma análise global do indivíduo conseguiremos prescrever nutrientes de forma precisa para cada caso.