Quando olhamos para as evidências, é interessante analisar a meta-análise de Naude e cols. (2014), onde os autores compararam a dieta low carb com dieta normoproteica, normoglicídica e normolipídica sobre o peso corporal em estudos com dois anos de acompanhamento.
Com kcal equiparadas, houve tendência da dieta low carb gerar maior perda de peso, apesar de não haver diferença estatisticamente significativa entre as duas abordagens dietéticas. Quando se segmenta a low carb pelo tipo (alta em gordura ou alta em proteína), a hiperproteica foi a que se sobressaiu, gerando o efeito no gerenciamento de peso. A hiperlipídica, por outro lado, causou efeito quase idêntico à dieta com distribuição equilibrada de macronutrientes.
Algo a se enfatizar é que esses dados foram observados em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Quando se observam indivíduos que, além de ter excesso de peso, possuem também diabetes mellitus tipo 2, os resultados são um pouco diferentes. Até o momento da realização dessa meta-análise, existiam poucos artigos em tão longo prazo (dois anos). Os que existiam, no entanto, apontavam que não havia diferença significativa entre as dietas, com uma leve tendência de dieta equilibrada em macronutrientes causar melhor efeito que a low carb nesses indivíduos.
É preciso ter em mente o seguinte: low carb não é algo homogêneo. É qualquer conduta dietética cujo percentual de carboidratos do VET seja abaixo de 45%. Assim, low carb de 40% é muito diferente de 15%. Sem contar outras variáveis, como tipo de proteína, qualidade e volume dos lipídios, adequação de micronutrientes, bioativos, etc.
Com tantas variáveis é difícil decretar uma indicação única e o tempo que deve ser adotada. Mas no geral, o que vemos na literatura científica (em estudos de médio prazo) é que low carb pode ser efetiva em excesso de peso, em resistência à insulina/diabetes tipo 2, em síndrome metabólica… enfim, situações associadas ao excesso energético-glicídico. Por outro lado, é perigoso oferece-la a pacientes com fator de risco para transtornos alimentares, por exemplo. Tudo deve ser avaliado com parcimônia.
Sobre o tempo, normalmente ela demonstra ação rápida, já nos primeiros dias. Há, no entanto, um platô normalmente aos 6 meses. Nesse período é importante entrar com outra estratégia, inovar o tratamento.
Minha mensagem final é que não existe dieta universal, assim como não existe medicamento ou treino universais. Tudo na saúde é individualizado, então somente em acompanhamento individualizado é possível julgar se é o caso ou não de aplicar low carb!
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Referência
NAUDE, C. E. et al. Low carbohydrate versus isoenergetic balanced diets for reducing weight and cardiovascular risk: a systematic review and meta-analysis. PloS One, v. 9, n. 7, 2014..