Olá pessoal! Diversos pacientes na prática clínica tem curiosidade de realizar o jejum ou muitas vezes nós profissionais percebemos que essa estratégia funciona para determinado paciente.
Hoje vim esclarecer o que de fato é moda e o que realmente funciona a respeito do jejum intermitente!
O jejum intermitente é um método cada vez mais popular para a perda de peso. Embora vários estudos publicados nos últimos anos confirmem que o jejum intermitente pode ser uma opção terapêutica útil e segura para obesidade e distúrbios relacionados, o jejum não é uma estratégia superior às dietas de restrição calórica.
Apesar de muitos ensaios clínicos serem realizados com jejum, eles ainda possuem muito vieses e muitos resultados são identificados em estudos experimentais.
Por isso, torna-se necessária uma análise crítica das evidências. Uma revisão publicada no New England Journal of Medicine no final de 2019 discute, além da obesidade, vários outros alvos potenciais para o jejum terapêutico, como o tratamento de doenças neurológicas, câncer e doenças cardiovasculares. Contudo, os autores do artigo discutem que ele deve ser interpretado com cautela.
Quais os protocolos de jejum terapêutico que posso realizar no consultório?
Jejum completo em dias alternados (ADF): envolve dias alternados contendo alimentos não energéticos com dias de alimentação ad libitum;
Jejum em dias alternados modificado (MADF): diferentes variações no ADF. O mais popular é o “jejum intermitente 5:2”: permite cinco dias por semana de alimentação ad libitum e faz jejum absoluto ou restringe a ingestão a não mais que 25% da necessidade diária nos outros dois dias. Estes dois dias podem ser consecutivos ou não consecutivos;
“Alimentação com restrição de tempo” (TRF): permite ingestão ad libitum em horários específicos (poucas horas) e jejum por tempo prolongado durante cada dia. Outra variação é restringir a ingestão durante a noite, seguindo o ritmo circadiano.
O jejum, quando realizado de maneira eficiente, é benéfico por qual motivo?
Durante o jejum, os níveis de insulina diminuem e aumentam a produção de corpos cetônicos, metabólito sinalizador que desencadeia diversas respostas moleculares diretas e indiretas. Essas respostas reduzem a inflamação, o estresse oxidativo, a tumorigênese e o envelhecimento.
Esses mecanismos teriam um impacto positivo em várias doenças associadas à inflamação, envelhecimento e crescimento celular, como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e doenças autoimunes.
Jejum e beliscos
Eu geralmente costumo indicar o jejum para aqueles que estão habituados a realizar diversos beliscos durante o dia. Dependendo do paciente, o jejum tem o poder de atuar na consciência alimentar.
Ao indicar para o seu paciente, cuide para não apenas pular o café da manhã! Oriente o seu paciente que é mito pular o café da manhã e que jejum não é ficar o máximo de horas sem comer e que pular refeições pode acabar te deixando com MAIS fome nas refeições seguintes. Lembre que a qualidade da alimentação importa!
Jejum intermitente é mais eficiente que a restrição calórica?
O jejum é um facilitador da prática da restrição calórica, mas ambos são eficientes.
Segue essa tabela do artigo excelente lançado no ano de 2021 com alguns questionamentos que podem surgir durante a consulta:
Referências:
Halpern Bruno. Intermittent fasting for obesity and related disorders: unveiling myths, facts, and presumptions. Arch Endocrinol Metab. 2021;65/