Glicose alta e insulina alta: o que fazer?
De acordo com a nona edição do IDF Diabetes Atlas em 2019, 488 milhões de adultos de 20 a 99 anos vivem com diabetes no mundo, e o número atingirá 578 milhões até 2030 e 700 milhões até 2045. Dados preocupantes né?
Se um paciente entra em contato com você e deseja realizar uma consulta e relata que tem #diabetes? Qual o seu primeiro pensamento?
O diabetes é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia persistente causada por vários fatores, incluindo genética, nutrição, meio ambiente e atividade física.
- Como é realizado seu diagnóstico?
Primeiramente, preciso reforçar aqui que o profissional da nutrição não pode realizar diagnóstico de diabetes! Quem realiza diagnóstico é a equipe médica.
A ADA identifica que o diagnóstico é realizado através de exames laboratoriais, citados abaixo:
e para o diagnóstico de pré-diabetes:
e para realizar a triagem de pré-diabetes:
Nós nutricionistas, podemos sim avaliar e acompanhar os exames sanguíneos, principalmente a insulina em jejum, a Hb1Ac e a glicose em jejum, que são componentes importantes para controle glicêmico dos pacientes.
- Porque é importante avaliar?
Pois no paciente que possui glicemia dentro dos valores de referência, porém próximo do limiar superior, é importante avaliar como forma de prevenção ou acompanhamento ao desenvolvimento do diabetes.
A #insulina em jejum pode estar mais alta no início da resistência à insulina e ao longo dos meses/anos, pode haver a redução da insulina.
O peptídeo c é outro exame laboratorial que pode auxiliar na avaliação da secreção de insulina
OBS:
Tolerância à glicose ≠ resistência à insulina!
O Teste oral de tolerância à glicose é realizado geralmente em gestantes e/ou quando não são pacientes com diagnóstico de diabetes. A captação de glicose pelo organismo é demonstrada ao longo do teste e quando a glicose ao longo do teste se mantém constante ou diminui pouco, revela que há resistência à ação da insulina.
- Excesso de peso ou obesidade são fortes fatores contribuintes para o desenvolvimento da doença:
O excesso de peso pode desencadear uma desregulação da secreção da insulina que pode ocasionar na resistência à ação da insulina ou secreção da liberação de insulina.
- Redução de peso
A importância do grau de redução de peso corporal no DM2 foi refletida pelo estudo DiRECT (Diabetes Remission Clinical Trial), que mostrou que a redução de peso em indivíduos com sobrepeso e obesidade, pode levar à remissão (HbA1c < 6,5%) em alguns casos.
- Fisiopatologia da obesidade e resistência a insulina:
A obesidade leva ao aumento do armazenamento lipídico nos tecidos adiposos, que em determinado momento não têm mais a capacidade de armazenar o excesso de ingestão de energia. Neste ponto, os tecidos adiposos liberam ácidos graxos livres que por sua vez promovem a resistência à insulina muscular e hepática, o que lentifica a liberação e absorção da insulina.
A disfunção da sinalização de insulina causará resistência à insulina, que é um distúrbio metabólico complexo que está intimamente ligado a muitas vias, incluindo metabolismo lipídico, gasto energético e inflamação (Imagem 2).
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Importância de realizar recomendações de mudança de estilo de vida e hábitos alimentares saudáveis:
1) ATV. FÍSICA:
A massa muscular é o tecido mais importante para quem tem resistência à insulina!
O exercício físico é capaz de regular os ácidos graxos de cadeia curta e impactar beneficamente na modulação da microbiota intestinal, o que auxilia na melhora da glicemia.
2) Alimentação rica em fibras e alimentos de baixo impacto glicêmico:
*Índice glicêmico:
Com referência a Atkinson e colegas, um GI alto é definido como sendo 70 ou maior e pode estar relacionado a vários pães, cereais matinais ou arroz, enquanto um GI baixo é de 55 ou menos e pode estar relacionado a várias leguminosas, massas, frutas ou produtos lácteos.
*Carga glicêmica:
A carga glicêmica foi proposta como uma medida para quantificar e comparar os efeitos de alimentos ou dietas contendo carboidratos. Carga glicêmica é derivada do índice glicêmico de acordo com o tamanho da porção!
(Carga glicêmica = índice glicêmico × teor de carboidratos/tamanho da porção em gramas). Uma alta carga glicêmica é definida como 20 ou maior e uma baixa carga glicêmica é definida como 10 pontos ou menos.
3) Quais são as necessidades de fibras alimentares de pessoas com diabetes?
Segundo as diretrizes, a ingestão regular de fibra dietética suficiente está associada a uma menor mortalidade por todas as causas em pessoas com diabetes. Portanto, as pessoas com diabetes devem consumir pelo menos a quantidade de fibra recomendada para a população saudável adulta= mínimo de 14 g de fibra por 1.000 kcal com pelo menos metade do consumo de grãos sendo grãos integrais intactos.
4) Como montar um prato?
A divisão do prato saudável para indivíduos com DM é simples! Seguem os padrões alimentares saudáveis.
- A #Síndrome do ovário policístico também está associada a resistência a insulina. A carga glicêmica da dieta é super importante no tratamento dessas doenças e as estratégias que funcionam para diminuir o índice são simples! Que diminuem o pico glicêmico pós-prandial!
Estratégias que podem beneficiar sempre!
- acrescente fibras nas refeições (advindas de vegetais e folhosos ou fibras solúveis como aveia e psyllium)
- diminua o consumo de alimentos refinados e fritos
- consuma carboidratos acompanhados de proteína ou fontes de gordura poliinsaturada e monoinsaturada
Uma das vitaminas mais estudadas é a vitamina D!
A #vitamina D foi usada para ser um regulador do metabolismo ósseo, mas descobriu-se que tinha várias funções clínicas. É um hormônio-chave envolvido no equilíbrio de cálcio e fósforo com vários derivados. O receptor de vitamina D (VDR) é encontrado nas células β pancreáticas e nos tecidos de resposta à insulina, como músculo esquelético e tecido adiposo (Fan et al., 2016). Além de ser um modulador negativo de citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL6, que estão intimamente relacionados à resistência à insulina.
Mensagem final:
Reforço que o paciente com diabetes é um paciente que é importante cuidar das diversas áreas da sua vida, como manejo do estresse, qualidade do sono, alimentação, se manter fisicamente ativo e áreas psicossociais!
Referências:
10.1007/s00394-016-1340-8
https://doi.org/10.1038/s41430-022-01114-5