Atualmente, os exames laboratoriais fazem parte do diagnóstico nutricional fornecido pelos nutricionistas. Apesar de serem muitos exames para avaliar, há alguns específicos para avaliar inflamação. Geralmente, esses exames são solicitados a nível hospitalar ou caso seu paciente tenha acompanhamento com cardiologista. Contudo, podemos sim analisá-los e sugerir algumas mudanças caso seja necessário.
É importante lembrar que o aumento de algumas interleucinas, proteína c reativa, e ferritina são marcadores sensíveis a algumas inflamações e com o tratamento médico adequado já estabilizam, então, NUNCA AS AVALIE ISOLADAMENTE!
Os principais reagentes de fase aguda disponíveis nos laboratórios brasileiros são:
- Marcadores “Positivos” (elevação proporcional ao grau de inflamação/infecção): Fibrinogênio, VHS, PCR, Hepcidina, Ferritina, Procalcitonina.
- Marcadores “Negativos” (diminuem com a inflamação): Albumina, Transferrina, Transtirretina.
Vamos falar um pouco dos mais utilizados na prática clínica?
→ Proteina C-reativa:
De acordo com os valores referidos no PEBMED, a classificação se dá:
Valores entre 0.3-1: não indicando necessariamente inflamação, estão associados a obesidade, tabagismo, DM, HAS, sedentarismo, distúrbios do sono, fadiga crônica, etilismo, depressão, idoso.
Valores entre 3-10: Indicam inflamação de baixo grau / subclínica; Podem ser justificados exclusivamente por obesidade ou resistência insulínica.
Valores acima de 10: Provavelmente indica infecção bacteriana.
→ VHS (velocidade de hemossedimentação)
Esse exame sanguíneo pode diagnosticar desde resfriados até pancreatite aguda, por exemplo.
- Falso aumento: Hiperproteinemia (infecção, inflamação, neoplasias); Anemia; Autoaglutinação; Macrocitose; Hemólise / Anemia Falciforme.
- Falsa redução: Esferócitos ou hemácias cremadas; Microcitose.
- Maior sensibilidade: Artrite Reumatóide; Doença Inflamatória Pélvica; Endocardite bacteriana; Artrite Séptica; Osteomielite; Mieloma e outras paraproteinemias; Mononucleose; Otite Média Aguda; Abscessos; Lúpus; Vasculites; Doença Inflamatória Intestinal.
OBS: Como o exame sanguíneo está relacionado com doenças cardiovasculares? Vou explicar um pouco da fisiopatologia para você entender melhor!
A hipercolesterolemia pode causar disfunção endotelial e dessa maneira dar início à formação de placas de ateroma. A molécula de LDL oxidada possui um efeito citotóxico que ocasiona disfunção endotelial, proliferação e reorganização da matriz extracelular, além de estimular o endotélio para a produção e liberação de quimiotáticos e molécula de adesão para leucócitos na superfície endotelial.
Pode haver aumento do fluxo sanguíneo e permeabilidade vascular, devido ao recrutamento de leucócitos no foco da lesão e liberação de marcadores inflamatórios. A inflamação crônica inicia-se de forma silenciosa.
OBS: Fique atento ao aumento de parâmetros após a realização de atividade física. Ela pode ser capaz de aumentar a inflamação subclínica.
Logo após o exercício há aumento nos níveis circulantes de IL-6 derivada do músculo que induz o aumento na produção de IL-1ra e IL-10, que são citocinasanti-inflamatórias pode ser induzida por IL-6 51 e também, inibi a produção da citocina TNF-α 15. Essas miocinas podem estar envolvidas na mediação dos efeitos benéficos à saúde do exercício e desempenham papéis importantes na proteção contra doenças associadas à inflamação de baixo grau.
O treinamento físico é estimulador do aumento da captação de glicose e sensibilidade à insulina no músculo. Sabe-se que os adipócitos em excesso no fluxo sanguíneo além de estarem relacionados com os fatores da síndrome metabólica, produzem as citocinas TNF-α e interleucina-6 (IL-6). A enzima lipoproteína lípase (LPL) é controladora do estoque de gordura, o exercício físico aumenta tanto a capacidade de liberação e armazenamento de energia do tecido adiposo, além de aumentar a capacidade da liberação quanto a de armazenamento de energia tecido adiposo, aumentando a capacidade de oxidar carboidrato e gordura no músculo. O exercício físico aumenta atividade da enzima lípase lipoproteica, o catabolismo dos triglicerídeos e a concentração de HDL.
→ Como o covid impacta no aumento de marcadores inflamatórios: Covid:
A desregulação da resposta imune pelo Sarc-cov é caracterizada pela chamada cascata de citocinas pró-inflamatórias que aumentam PCR, IL-6, TNF-alfa.
Além disso, como hoje já se sabe que a inflamação crônica leva a doenças como diabetes, hipertensão e câncer, modular a dieta para modular a inflamação é uma estratégia excelente para promoção da saúde!
Por isso, é importante diferenciar na sua prática clínica, mas, antes de tudo precisamos entender que existem 2 tipos diferentes de inflamação.
A inflamação aguda é uma reposta fisiológica imediata a agente patógenos nocivos, desencadeando reações para eliminar e neutralizar esses agentes e suas toxinas. Esse processo é necessário para que o copro reestabeleça seu equilíbrio (homeostase) e regenere seus tecidos.
Já a inflamação crônica é um tipo de inflamação sistêmica de baixo grau que ocorre em infecções persistentes e algumas doenças inflamatórias imunomediadas evoluem para inflamação crônica muitas vezes, como artrite reumatoide e doença inflamatória intestinal.
Na imagem 1 podemos notar que há o reconhecimento reconhecimento de padrões através de células apresentadoras de antígenos e dessa forma, ocorre a cascata inflamatória
Por fim, irei deixar aqui alguns pontos que nós, nutricionistas, vamos solucionar na prática clínica:
- A etiologia da inflamação crônica:
-Inatividade fisica, alimentação, microbiota intestinal
- Promover sempre através de um estilo de vida saudável e alimentação adequada.
Referência:
CAVICCHIA, P. P. et al. A new dietary inflammatory index predicts interval changes in serum high-sensitivity C-reactive protein. The Journal of Nutrition, v. 139, n. 12, p. 2365-2372, 2009.