Segundo o parecer oficial da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), publicado no dia 10 de setembro de 2020, a adoção do vegetarianismo, inclusive o estrito (que não consome nenhum derivado de origem animal) é uma prática saudável inclusive para crianças, quando planejada ou prescrita por profissionais de saúde.
Os principais cuidados com crianças vegetarianas endossados pela SVB, você pode conferir a seguir:
1) Não substituir o leite materno pelo leite vegetal caseiro.
Na sendo possível o uso do leite materno, a SVB orienta que o bebê vegetariano receba fórmulas industrializadas, substitutas do leite materno. Para famílias veganas, a fonte proteica deve ser outra que não a do leite de vaca, já disponível no mercado brasileiro. Isso garante a oferta adequada de macro e micronutrientes, já que elas são desenhadas de acordo com a necessidade infantil e pautadas no Codex Alimentarius.
2) Não suspender o aleitamento materno antes dos 6 meses de vida.
A orientação da SVB é que se mantenha o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e que seja continuado até pelo menos os 2 anos de vida (em conjunto com os alimentos ofertados a partir dos 6 meses de vida), como orientado pelas entidades de pediatria reconhecidas no Brasil e no mundo
3) Não manter a amamentação exclusiva por tempo prolongado.
ASVB orienta que a introdução alimentar do bebê vegetariano ocorra no mesmo período preconizado para os onívoros: a partir dos 6 meses de vida.
4) Não restringir em demasiado a ingestão de gordura de boa qualidade.
A SVB orienta que não deve haver restrição de alimentos fonte de gorduras qualidade (ômega-3, 6 e 9, mas com menor quantidade de ômega-6) na dieta infantil até 2 anos de idade, visando otimizar o aporte energético e oferta de ácidos graxos essenciais. Deve haver sempre a oferta de ômega-3 (linhaça, chia, nozes) ou o uso de DHA oriundo de algas, produto já disponível no mercado brasileiro. As proporções de gordura na dieta devem ser orientadas por nutricionista ou pelo pediatra durante a prática da puericultura.
5) Montagem do prato: 1/3 do volume de cereais, 1/3 de leguminosas e 1/3 de verduras e legumes
Ainda, na mistura, deve ser adicionado alimento fonte de ômega-3, como óleo de linhaça ou chia, que pode ou não ser misturado ao azeite de oliva, conforme avaliação do pediatra ou nutricionista que acompanha o bebê.
6) Não negligenciar o uso da vitamina B12.
A recomendação é que a vitamina B12 seja sempre prescrita às crianças nas doses iguais ou maiores às preconizadas pelas DRIs, de acordo com a avaliação pediátrica da mãe e do bebê desde o início da introdução alimentar.
7) Atentar às necessidades de cálcio e zinco do bebê.
A SVB orienta ao profissional que acompanha o vegetariano se pautar nas quantidades preconizadas pelas DRIs e somar os produtos utilizados na alimentação para que o cálcio dietético atinja os valores preconizados para cada idade
8) Atentar às necessidades dos demais nutrientes que o onívoro precisa suplementar
A SVB orienta a manutenção dos suplementos de ferro e vitamina D (na forma de D2 ou D3 oriunda de líquen no caso de famílias veganas) para a criança vegetariana da mesma forma que se orienta para as onívoras.
Quer saber mais sobre evidências na alimentação da criança? Te convido para assistir um aulão sobre o tema Materno-Infantil clicando aqui.
Ref: www.svb.org.br/parecer