O que as novas recomendações de aconselhamento comportamental para doenças cardiovasculares nos dizem?
As doenças cardiovasculares (DCV) foram a principal causa de morte nos EUA, sendo responsável por 693.021 (ou 1 em 4) mortes em 2021.
Então, qual orientação pode agregar ao paciente na prevenção de doenças cardiovasculares, que não envolva o uso de medicamentos?
A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA publicou recentemente recomendações atualizadas sobre intervenções de aconselhamento comportamental para promover alimentação saudável e atividade física na prevenção de DCV em adultos sem fatores de risco conhecidos.
As recomendações atualizadas receberam uma nota C com base em evidências de que as intervenções de aconselhamento comportamental fornecem um pequeno benefício na melhoria dos níveis de atividade física e alimentação saudável. Além disso, notou-se uma pequena melhora nos fatores de risco de DCV, como pressão arterial, colesterol de lipoproteína de baixa densidade e peso corporal, com pouca evidência de danos.
Isso significa que na prática, os médicos devem individualizar a decisão de oferecer ou encaminhar adultos sem fatores de risco de DCV para intervenções de aconselhamento comportamental. Assim, se o paciente possui orientação médica de não realizar esforço físico, não deve ser estimulado para realização de atividades físicas.
Estima-se que os cuidados médicos representem apenas 10% a 20% dos fatores modificáveis para resultados saudáveis para uma população. Sendo assim, os médicos poderiam considerar como aproveitar melhor outras abordagens de intervenção, como as comportamentais, para promover uma alimentação saudável e uma vida ativa fora do sistema de saúde.
As recomendações enfatizam, ainda, que os médicos devem decidir em conjunto com seus pacientes sobre as intervenções de aconselhamento comportamental, levando em consideração a situação individual do paciente e sempre estimulando a autonomia e a consciência dos atos do seu paciente.
Na prática clínica, há baixos índices de aconselhamento nutricional e de atividade física para adultos sem condições crônicas, seja por falta de treinamento dos profissionais ou por tempo insuficiente com o paciente.
A prevenção de doenças cardiovasculares pode ser efetiva caso ocorra, por parte do paciente, a adesão à Medicina do Estilo de Vida. Ou seja, o que sempre reforço no consultório e por aqui!! É de suma importância a nossa orientação ao paciente da alimentação saudável e da prática regular de exercício físico!
De maneira geral, a consulta centrada no paciente e as orientações para mudança de estilo de vida sempre estão presentes na minha conduta clínica e oriento os profissionais da saúde a realizarem o mesmo.
Lembre-se: As pessoas motivadas a fazer mudanças comportamentais têm maior probabilidade de se beneficiar. Em qual estágio de mudança o seu paciente está? Não basta só orientar, precisamos acolher o paciente, dando suporte necessário e fornecendo pequenas metas possíveis de serem alcançadas.
Nós, profissionais da saúde, somos facilitadores do processo!
Referências:
Sara N. Bleich. 2022. Updated USPSTF Recommendations for Behavioral Counseling Interventions Gaps, Challenges, and Opportunities.
link:
Updated USPSTF Recommendations for Behavioral Counseling Interventions