Como a nutrição pode auxiliar no tratamento da candidíase?
Por mais que o enfoque da candidíase de repetição seja a medicação, a alimentação tem sim o poder de contribuir no tratamento. Mas como, qual a relação?
Inicialmente, vou explicar um pouco sobre a candidíase em si:
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→ O que é candidiase?
A candidíase é uma Infecção da vulva e vagina causada por fungo do gênero Candida Albicans, na maioria dos casos. Candidíase vulvovaginal recorrente é definida como pelo menos 4 episódios de CVV aguda nos últimos 12 meses.
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→ Quais os fatores de risco para desenvolver?
- Alteração glicêmica (como em pacientes com diabetes)
- Síndrome da imunodeficiência adquirida
- Imunossuprimidos
- Uso continuo de antibióticos
- Diminuição da microbiota intestinal
- Aumento da umidade, uso de preservativos, roupas apertadas
Por isso, durante o tratamento, recomendamos alguns alimentos a se evitar como o açúcar (devido ao desbalanço do PH) e queijos, leites e derivados, (devido a lactose ser um tipo de açúcar).
→ Fundamental no tratamento: manter a microbiota intestinal saudável.
OU SEJA:
Em alguns casos, os probióticos podem auxiliar no tratamento! Ainda mais quando o paciente faz uso de antibióticos com frequência.
No geral, os estudos mostram que pacientes com CVV recorrente podem não se beneficiar da terapia com probióticos. Dois estudos examinaram se a terapia probiótica após uma dose única de fluconazol diminuiu a recorrência da infecção. Da mesma forma, Martinez et al descobriram que a terapia com Lactobacillus rhamnosus e Lactobacillus rheuteri em mulheres com CVV recorrente não forneceu diferença significativa na remissão dos sintomas em comparação com o placebo após 4 semanas (Martinez et al., 2009).
→ Tratamento medicamentoso:
O tratamento é indicado para alívio dos sintomas. Cerca de 10 a 20% das mulheres em idade reprodutiva são portadoras assintomáticas de espécies de candida e não necessitam de medicações.
A aplicação tópica de fármacos do grupo dos azóis é o tratamento mais frequentemente prescrito, sendo mais efetivo que a nistatina. Tanto antifúngicos orais quanto tópicos possuem uma taxa de cura acima de 90%.
Contraindicações: O tratamento tópico possui menos efeitos colaterais (uma possível irritação ou queimação local), enquanto a medicação oral pode causar intolerância gastrointestinal.
→ Uso de probióticos:
Possuem efeito antagonista, devido sua ação pela ação em sítios de reserva natural como o intestino, uma vez que conseguem, por exemplo, bloquear a passagem de C. glabrata de seu reservatório intestinal para a vagina. Além do seu mecanismo fungicida, evitam também a adesão do fungo na parede vaginal.
Além disso, os probióticos ajudam a tratar condições como diarréia pós-antibiótico e diarréia infecciosa e, portanto, também têm o potencial de ajudar com infecções por Candida.
→ Outro ponto que é recomendado é evitar ficar com roupas de banho molhadas (por exemplo, biquíni molhado por muito tempo), roupas de academia após exercícios!
**Lembre-se que cada caso é individual e a chave da nutrição em relação ao tratamento é manter a microbiota intestinal saudável. Por isso, foque em fornecer ao seu paciente substratos para as bactérias benéficas do seu organismo, com um plano alimentar rico em frutas e vegetais.
Deixo aqui o link do blog onde explico um pouco mais sobre a importância da nossa microbiota intestinal:
→ https://escolanbe.anniebello.com.br/nutricao-com-evidencia/microbiota_saudavel_e_emagrecimento/
Referências:
Veja mais em – Portal PEBMED: https://pebmed.com.br/candidiase-vulvovaginal-como-caracterizar-e-tratar/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext
Clinical Practice Guideline for the Management of Candidiasis: 2016 Update by the Infectious Diseases Society of America. IDSA. 2015.
Brazilian guidelines for the management of candidiasis – a joint meeting report of three medical societies: Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Paulista de Infectologia and Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Braz J Infect Dis 17. June 2013.