Mais importante que consumir orgânico é ter a base da alimentação de alimentos in natura, se orgânico melhor.
Está mais do que claro sobre os benefícios dos alimentos orgânicos para a saúde e dos malefícios do uso de agrotóxicos. Mas que sabemos é que mesmo não sendo orgânico o consumo de legumes e verduras deve ser estimulado!!!
Mas resultados positivos significativos foram observados em estudos longitudinais em que o aumento da ingestão orgânica foi associado à redução da incidência de infertilidade, defeitos congênitos, sensibilização alérgica, otite média, pré-eclâmpsia e síndrome metabólica.
- O que é considerado um alimento orgânico?
Aquele cultivado sem agrotóxicos e sem adubos químicos, de um jeito bem natural e descomplicado, sem frescura e sem grandes preocupações técnicas, como se fazia antigamente em qualquer chácara ou sítio. - E qual a diferença entre ORGÂNICOS X NÃO ORGÂNICOS?
Embora pareça haver pouca variação entre alimentos orgânicos e convencionais em termos de valor de macronutrientes (proteínas, gorduras, carboidratos e fibras alimentares), algumas outras diferenças de composição foram demonstradas em alguns estudos. Os alimentos orgânicos demonstram incluir maiores concentrações de antioxidantes (particularmente polifenóis), níveis aumentados de ácidos graxos ômega-3 em produtos lácteos orgânicos e melhores perfis de ácidos graxos em produtos de carne orgânica.
Contudo, a literatura conclui dados incertos, uma vez que os estudos são heterogêneos e as estatística dos estudos transversais e longitudinais são inconclusivas.
-OBS: O agrotóxico mais estudado são os organofosforados geralmente são os que mais apresentam estudos, uma vez que seus metabólitos podem ser medidos na urina como marcadores de exposição recente. Um dos grandes vieses dos estudos é que eles não avaliam a significância estatística das diferenças entre amostras ou ponderaram os resultados por tamanho da amostra, ou consideram apenas danos.
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ORGÂNICOS X LIVRES DE PESTICIDA? Qual a diferença?
Os alimentos também podem ser ‘livres de pesticidas’, mas não ‘orgânicos’. Está bem documentado que as concentrações de pesticidas em grãos integrais e produtos integrais são maiores do que em grãos polidos, como produtos de farinha branca (já que as camadas externas de farelo de grãos têm cargas de pesticidas mais altas que o endosperma). Além dos produtos integrais, frutas e vegetais são a principal fonte alimentar para exposição a pesticidas.
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Sobre Fertilidade e alimentação orgânica:
O estudo Environment and Reproductive Health (EARTH) examinou associações entre alta ou baixa exposição a pesticidas na dieta em um grupo de mulheres usando tecnologia de reprodução assistida (ART) no Massachusetts General Hospital Fertility Center. Eles compararam os resultados da gravidez/parto de 325 mulheres (contribuindo com 541 ciclos de ART) com uma pontuação de pesticidas na dieta. Eles descobriram que o consumo de frutas e vegetais com alto teor de resíduos de pesticidas (FV) estava inversamente associado à probabilidade de gravidez clínica e nascido vivo por ciclo iniciado. Comparadas com as mulheres no quartil mais baixo de ingestão de FV com alto teor de resíduos de pesticidas (<1 porção/dia), as mulheres no quartil mais alto tiveram 18% (IC 95% 5%–30%) menor probabilidade de gravidez clínica e 26% (IC95% 13%–37%) menor probabilidade de nascido vivo.
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Então, os alimentos orgânicos são mais seguros ou saudáveis do que as alternativas convencionais?
Uma revisão sistemática com 17 estudos concluiu que todas as estimativas de diferenças nos níveis de nutrientes e contaminantes nos alimentos foram altamente heterogêneas, exceto para a estimativa de fósforo. Os níveis de fósforo foram significativamente maiores do que nos produtos convencionais, embora essa diferença não seja clinicamente significativa.
Compartilho aqui duas tabelas da revisão, mas recomendo a todos a leitura na íntegra!
->Resumindo: Fósforo e compostos fenólicos:
A revisão concluiu que apenas 2 nutrientes foram significativamente maiores em produtos orgânicos do que convencionais: fósforo e fenóis totais. O resultado para o fósforo foi homogêneo (I 20%), mas a remoção de 1 estudo (227) reduziu o tamanho do efeito sumário e tornou o tamanho do efeito estatisticamente insignificante (SMD, 0,63; P 0,064).
E na prática clínica, o que fazer?
Com certeza, caso o paciente tenha condições por optar por uma alimentação orgânica ou pelo consumo da maioria das frutas e verduras orgânicas, seria a melhor opção. Mas mais importante que isso, é sempre estimular o consumo de uma alimentação mais in natura possível.
Segundo a ANVISA, os alimentos que mais possuem agrotóxicos são o pimentão, tomate, goiaba, cenoura, batata-doce, abacaxi, uva e alface. Por isso, o ideal seria priorizar o consumo desses alimentos e caso não seja possível, ir alternando o seu consumo. Mas nunca excluir!
Lembre-se: Um estilo de vida equilibrado e um consumo adequado de vegetais e frutas, sejam eles orgânicos ou não, é prioridade quando comparado com uma alimentação com alto consumo de industrializados.
Referências:
A SYSTEMATIC Review of Organic Versus Conventional Food Consumption: Is There a Measurable Benefit on Human Health?. Nutrients , [S. l.], p. 1-1, 9 set. 2020.
Are organic foods safer or healthier than conventional alternatives?: a systematic review. Annals of international Medicine, 2012.